segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Medidores de Vazão











Medidores de Vazão


Introdução

A medição de vazão de fluidos sempre esteve presente na era da modernidade. Não se precisa ir muito longe. O hidrômetro de uma residência, o marcador de uma bomba de combustível são exemplos comuns no dia-a-dia das pessoas. Em muitos processos industriais, ela é uma necessidade imperiosa, sem a qual dificilmente poderiam ser controlados ou operados de forma segura e eficiente.

Na História, grandes nomes marcaram suas contribuições. Provavelmente a primeira foi dada por Leonardo da Vinci que, em 1502, observou que a quantidade de água por unidade de tempo que escoava em um rio era a mesma em qualquer parte, independente da largura, profundidade, inclinação e outros. Mas o desenvolvimento de dispositivos práticos só foi possível com o surgimento da era industrial e o trabalho de pesquisadores como Bernoulli, Pitot e outros.

Existe uma variedade de tipos de medidores de vazão, simples e sofisticados, para as mais diversas aplicações. O tipo a usar sempre irá depender do fluido, do seu estado físico (líquido ou gás), das características de precisão e confiabilidade desejadas e de outros fatores.

Nesta pequena série de páginas, são apresentados princípios de operação e comentários sobre alguns tipos usuais, começando pelos que operam com pressão diferencial.

Placa de orifício

É um dos meios mais usados para medição de fluxos. Dados de entidades da área de instrumentação mostram que, nos Estados Unidos, cerca de 50% dos medidores de vazão usados pelas indústrias são desse tipo.

Certamente as razões para tal participação devem ser as vantagens que apresenta: simplicidade, custo relativamente baixo, ausência de partes móveis, pouca manutenção, aplicação para muitos tipos de fluido, instrumentação externa, etc. Desvantagens também existem: provoca considerável perda de carga no fluxo, a faixa de medição é restrita, desgaste da placa, etc.

Um arranjo comum é dado na Figura, a placa (com orifício de diâmetro D) provoca uma redução da seção do fluxo e é montada entre dois anéis que contêm furos para tomada de pressão em cada lado. O conjunto é fixado entre flanges, o que torna fácil sua instalação e manutenção.

A medição da diferença de pressão p1 − p2 pode ser feita por algo simples como um manômetro U e uma tabela ou uma fórmula pode ser usada para calcular a vazão. Ou pode ser coisa mais sofisticada como transdutores elétricos e o sinal processado por circuitos analógicos ou digitais para indicação dos valores de vazão.

Outros medidores de pressão diferencial

A Figura 01 deste tópico mostra outros arranjos de medidores de pressão diferencial. Em (a), o chamado tubo de Venturi, em homenagem ao seu inventor (G B Venturi, 1797).

O arranjo (b) é denominado bocal. Pode ser considerado uma placa de orifício com entrada suavizada. Em (c) um cone é o elemento redutor de seção.



No tipo joelho (d) a diferença de pressão se deve à diferença de velocidade entre as veias interna e externa. Há menor perda de carga no fluxo, mas o diferencial de pressão é também menor.

Existem outros arranjos, mas o princípio básico é o mesmo: uma diferença de pressão é convertida em vazão por meios de coeficientes ou fórmulas determinadas empiricamente.

Medidores de área variável (rotâmetro)

Embora possa ser visto como um medidor de pressão diferencial, o rotâmetro é um caso à parte por sua construção especial. A Figura abaixo dá um arranjo típico.

Um tubo cônico vertical de material transparente (vidro ou plástico) contém um flutuador que pode se mover na vertical. Para evitar inclinação, o flutuador tem um furo central pelo qual passa uma haste fixa. A posição vertical y do flutuador é lida numa escala graduada (na figura, está afastada por uma questão de clareza. Em geral, é marcada no próprio vidro).

Se não há fluxo, o flutuador está na posição inferior 0. Na existência de fluxo, o flutuador sobe até uma posição tal que a força para cima resultante da pressão do fluxo se torna igual ao peso do mesmo.

Notar que, no equilíbrio, a pressão vertical que atua no flutuador é constante, pois o seu peso não varia. O que muda é a área da seção do fluxo, ou seja, quanto maior a vazão, maior a área necessária para resultar na mesma pressão.

Desde que a vazão pode ser lida diretamente na escala, não há necessidade de instrumentos auxiliares como os manômetros dos tipos anteriores.

Medidores de deslocamento positivo

Os medidores de deslocamento positivo operam de forma contrária a bombas de mesmo nome: enquanto nessas um movimento rotativo ou oscilante produz um fluxo, neles o fluxo produz um movimento.

A Figura deste tópico dá exemplo de um tipo de lóbulos elípticos que são girados pelo fluxo. Existem vários outros tipos aqui não desenhados: disco oscilante, rotor com palhetas, pistão rotativo, engrenagem, etc.

O movimento rotativo ou oscilante pode acionar um mecanismo simples de engrenagens e ponteiros ou dispositivos eletrônicos nos mais sofisticados.

Em geral, não se destinam a medir a vazão instantânea, mas sim o volume acumulado durante um determinado período. São mais adequados para fluidos viscosos como óleos (exemplo: na alimentação de caldeiras para controlar o consumo de óleo combustível).
Algumas vantagens são:
• adequados para fluidos viscosos, ao contrário da maioria.
• baixo a médio custo de aquisição.

Algumas desvantagens:
• não apropriados para pequenas vazões.
• alta perda de carga devido à transformação do fluxo em movimento.
• custo de manutenção relativamente alto.

• não toleram partículas em suspensão e bolhas de gás afetam muito a precisão.

Medidores tipo turbina

A Figura abaixo dá um exemplo. O fluxo movimenta uma turbina cujas pás são de material magnético. Um sensor capta os pulsos, cuja freqüência é proporcional à velocidade e, portanto, à vazão do fluido.

Os pulsos podem ser contados e totalizados por um circuito e o resultado dado diretamente em unidades de vazão. Desde que não há relação quadrática como nos de pressão diferencial, a faixa de operação é mais ampla. A precisão é boa. Em geral, o tipo é apropriado para líquidos de baixa viscosidade.
Existem outras construções. Por exemplo, nos hidrômetros que as companhias de água instalam nos seus consumidores, a turbina aciona um mecanismo tipo relógio e ponteiros ou dígitos indicam o valor acumulado.

Medidores eletromagnéticos

Os medidores eletromagnéticos têm a vantagem da virtual ausência de perda de pressão, mas só podem ser usados com líquidos condutores de eletricidade.

O princípio se baseia na lei de Faraday, isto é, uma corrente elétrica é induzida num condutor se ele se move em um campo magnético ou vice-versa. Na Figura, um tubo de material não magnético contém duas bobinas que geram um campo magnético B no seu interior. Dois eletrodos são colocados em lados opostos do tubo e em direção perpendicular ao campo.
O fluido faz o papel do condutor e a tensão V gerada tem relação com a velocidade do fluxo e, portanto, com a sua vazão.

Medidores de efeito Doppler

Esses medidores podem ser classificados na categoria dos ultra-sônicos, pois usam ondas nesta faixa de freqüências.

Só devem ser usados com fluidos que tenham partículas em suspensão. A Figura 01 mostra um esquema simplificado.

Um elemento transmissor emite um sinal de ultra-som de freqüência conhecida e constante. As partículas em suspensão no fluido refletem parte das ondas emitidas.
Desde que as partículas movimentam-se com o fluido, o efeito Doppler faz com que as ondas sejam captadas pelo elemento receptor em freqüência diferente da transmitida e a diferença será tanto maior quanto maior a velocidade, ou seja, há relação com a vazão do fluxo.

Medidor de Coriolis

No arranjo da Figura abaixo, o fluido passa por um tubo em forma de U dotado de uma certa flexibilidade. Um dispositivo magnético na extremidade e não mostrado na figura faz o tubo vibrar com pequena amplitude na sua freqüência natural e na direção indicada.

O resultado é indicado na figura. Há esforços em sentidos contrários nas laterais do U, devido à oposição dos sentidos do fluxo. Visto de frente, o tubo é deformado conforme parte direita da figura e essa deformação pode ser captada por sensores magnéticos.
A grande vantagem desse tipo é ser um medidor de fluxo de massa e não de volume. Assim, não há necessidade de compensações para mudanças de condições de temperatura e pressão. Pode ser usado com uma ampla variedade de fluidos. Desde tintas, adesivos até líquidos criogênicos.

Tabela comparativa

A tabela abaixo dá algumas informações comparativas da utilização em líquidos de alguns dos medidores mencionados nesta página. Não deve ser considerada uma referência absoluta. São apenas informações auxiliares obtidas de fabricantes.

Tipo

Utilização

Faixa

Perda de pressão

Precisão aprox %

Comprim prévio diam

Sensib à viscosid

Custo relativo

Bocal

Líquidos comuns.

4:1

Média

±1/±2 da escala

10 a 30

Alta

Médio

Coriolis

Líquidos comuns, viscosos, alguma suspensão.

10:1

Baixa

±0,4 da proporção

Não há

Não há

Alto

Deslocamento positivo

Líquidos viscosos sem suspensões.

10:1

Alta

±0,5 da proporção

Não há

Baixa

Médio

Eletromagnético

Líquidos condutivos com suspensões

40:1

Não há

±0,5 da proporção

5

Não há

Alto

Joelho

Líquidos comuns. Alguma suspensão.

3:1

Baixa

±5/±10 da escala

30

Baixa

Baixo

Placa de orifício

Líquidos comuns. Alguma suspensão.

4:1

Média

±2/±4 da escala

10 a 30

Alta

Baixo

Rotâmetro

Líquidos comuns.

10:1

Média

±1/±10 da escala

Nenhum

Média

Baixo

Tubo de Pitot

Líquidos sem impurezas.

3:1

Muito baixa

±3/±5 da escala

20 a 30

Baixa

Baixo

Tubo de Venturi

Líquidos comuns. Alguma suspensão.

4:1

Baixa

±1 da escala

5 a 20

Alta

Médio

Turbina

Líquidos comuns. Pouca suspensão.

20:1

Alta

±0,25 da proporção

5 a 10

Alta

Alto

Ultra-sônico (Doppler)

Líquidos viscosos com suspensões.

10:1

Não há

±5 da escala

5 a 30

Não há

Alto

Um comentário:

  1. qual seria o mais indicado para vazão de diesel com maior precisão de litros ?

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